Dubai Telegraph - 'Castelinho' de Paraisópolis, a obra inacabada do 'Gaudí brasileiro'

EUR -
AED 3.943793
AFN 72.486161
ALL 98.111287
AMD 415.916499
ANG 1.935029
AOA 979.773665
ARS 1065.936617
AUD 1.633458
AWG 1.932698
AZN 1.828474
BAM 1.960861
BBD 2.167866
BDT 128.310105
BGN 1.957115
BHD 0.404606
BIF 3108.422473
BMD 1.073721
BND 1.434028
BOB 7.418734
BRL 6.098523
BSD 1.073656
BTN 90.846996
BWP 14.470491
BYN 3.5135
BYR 21044.932802
BZD 2.164216
CAD 1.496928
CDF 3079.431975
CHF 0.940301
CLF 0.03749
CLP 1034.465778
CNY 7.706957
CNH 7.644137
COP 4738.331044
CRC 550.464216
CUC 1.073721
CUP 28.453608
CVE 108.821827
CZK 25.340921
DJF 190.821961
DKK 7.458615
DOP 64.745446
DZD 143.390601
EGP 52.867555
ERN 16.105816
ETB 130.511109
FJD 2.422209
FKP 0.821578
GBP 0.83288
GEL 2.925928
GGP 0.821578
GHS 17.620042
GIP 0.821578
GMD 76.769264
GNF 9266.21306
GTQ 8.285963
GYD 224.625991
HKD 8.349083
HNL 26.943134
HRK 7.396897
HTG 141.265762
HUF 409.458118
IDR 16996.46754
ILS 4.013596
IMP 0.821578
INR 90.444411
IQD 1406.57459
IRR 45209.025195
ISK 148.302623
JEP 0.821578
JMD 170.068914
JOD 0.761482
JPY 165.622013
KES 138.510272
KGS 92.552172
KHR 4370.044454
KMF 492.435298
KPW 966.348713
KRW 1501.679389
KWD 0.329482
KYD 0.89478
KZT 529.302998
LAK 23546.70302
LBP 96688.789106
LKR 314.379166
LRD 204.141235
LSL 18.940487
LTL 3.17042
LVL 0.649483
LYD 5.202166
MAD 10.620168
MDL 19.20308
MGA 4960.591401
MKD 61.657555
MMK 3487.404124
MNT 3648.504196
MOP 8.597428
MRU 42.857543
MUR 49.94987
MVR 16.532146
MWK 1863.979996
MXN 21.652831
MYR 4.734049
MZN 68.616123
NAD 18.940565
NGN 1796.765245
NIO 39.486105
NOK 11.891665
NPR 145.364017
NZD 1.807175
OMR 0.41344
PAB 1.073636
PEN 4.06402
PGK 4.309111
PHP 63.209425
PKR 298.386938
PLN 4.35335
PYG 8346.540768
QAR 3.909257
RON 4.975839
RSD 117.008736
RUB 104.392606
RWF 1460.260643
SAR 4.033651
SBD 8.948297
SCR 14.587098
SDG 645.839949
SEK 11.652
SGD 1.431061
SHP 0.821578
SLE 24.372665
SLL 22515.390361
SOS 613.094967
SRD 37.401971
STD 22223.858135
SVC 9.39499
SYP 2697.756666
SZL 18.940511
THB 36.882311
TJS 11.434229
TMT 3.768761
TND 3.347843
TOP 2.514761
TRY 36.727594
TTD 7.280298
TWD 34.709053
TZS 2925.890001
UAH 44.514091
UGX 3951.197257
USD 1.073721
UYU 44.678844
UZS 13743.62919
VEF 3889610.952007
VES 46.951342
VND 27256.409142
VUV 127.474354
WST 3.00769
XAF 657.712619
XAG 0.031831
XAU 0.000395
XCD 2.901785
XDR 0.804447
XOF 655.506563
XPF 119.331742
YER 268.242403
ZAR 18.965567
ZMK 9664.758887
ZMW 29.097398
ZWL 345.737744
'Castelinho' de Paraisópolis, a obra inacabada do 'Gaudí brasileiro'
'Castelinho' de Paraisópolis, a obra inacabada do 'Gaudí brasileiro' / foto: Nelson ALMEIDA - AFP

'Castelinho' de Paraisópolis, a obra inacabada do 'Gaudí brasileiro'

Uma ladeira de Paraisópolis, a segunda maior favela de São Paulo, é o pedestal da obra de Estevão Silva da Conceição: um pitoresco castelo de geometria irregular que rendeu ao seu criador o apelido de "Gaudí brasileiro".

Tamanho do texto:

A obra deste ex-jardineiro e pedreiro, de 67 anos, construída ao longo de quatro décadas na que foi sua casa, se destaca em meio a uma rua íngreme, chamando a atenção com seus azulejos coloridos e quebrados, pratos de cerâmica e pedras marrons instaladas na fachada.

O "Castelinho", como é chamado na região, se tornou uma atração turística nesta comunidade carente por sua semelhança com o Parc Güell, uma das criações emblemáticas do arquiteto catalão Antoni Gaudí (1852-1926) em Barcelona.

Mas este homem de bigode grisalho e fala pausada, nascido em Santo Estevão, na Bahia, não sabia quem era o gênio espanhol quando começou sua criação.

"Eu fiz parecido com o trabalho do Gaudí, sem copiar, não copiei nada. Eu faço o que vem na minha cabeça", diz à AFP. "Não estudei de nada. E, então, fazer uma obra de arte dessa para ser conhecida mundialmente. Me sinto mesmo reverenciado (...) Hoje, me sinto um artista".

- Viagem a Barcelona -

A semelhança do "Castelinho" com os desenhos de Gaudí foi descoberta por um estudante no início do século.

O cineasta brasileiro Sergio Oksman se interessou pela história e gravou o documentário "Gaudí na favela" (2002), pelo qual Silva viajou em 2001 a Barcelona para conhecer a obra de seu homônimo artístico.

Após a publicação do filme, o castelo se tornou um local de visita para moradores e estrangeiros em Paraisópolis, que tem mais de 100.000 habitantes. A entrada custa R$ 30.

"Achei incrível. À primeira vista, indo lá de fora, como um espaço tão pequeno foi crescendo, crescendo, crescendo. E tanta coisa, se tu parar para olhar, num buraquinho tem muita informação, muitos objetos. É super incrível, superinteressante.", opina Celly Monteiro Mendes, uma visitante de Manaus.

De uma sala com ares de caverna, essa pianista de 24 anos observa, admirada, os detalhes presentes em cada canto da fortaleza de Estevão, erguida em um terreno de sessenta metros quadrados e quatro andares, com passagens quase labirínticas e tetos baixos construídos a partir de conhecimentos empíricos.

O "Gaudí brasileiro" chegou a São Paulo em 1977 em busca de um futuro melhor. Desde então, trabalhou em jardinagem, construção e vigilância. Em 1985, comprou o terreno onde está o castelo, também conhecido como a Casa de Pedra, e deu asas à sua imaginação.

"Eu queria ter um jardim, queria fazer algo diferente. Quando eu fiz aqui, eu não pensei que ia virar uma obra de arte conhecida mundialmente, como parece com a obra do Gaudí, senão eu tinha feito mais alto. Eu fiz para usar. E aí virou um ponto turístico”, explica.

- Paisagem desigual -

No começo, Estevão plantou um roseiral e construiu uma estrutura de ferro para sustentá-lo, mas as plantas cresciam muito rápido e deixavam muitas folhas para serem recolhidas.

Optou, então, por arrancar o mato e cobrir o ferro com concreto. Adicionou pedras na superfície, para "refrescar o ambiente", e um prato quebrado que tinha à mão. Os objetos quebrados ou de segunda mão se tornaram sua marca registrada.

Um sem-fim de azulejos, conchas, bolinhas de gude, garrafas e moedas dão relevo às paredes interiores, decoradas com brinquedos de plástico, carrinhos de metal, canecas, bandejas, animais de lata, carcaças de celulares e telefones velhos comprados em bazares ou doados por visitantes.

À medida que se sobe as escadas estreitas, aparecem plantas e ouvem-se pássaros cantando. A vista do telhado revela a desigualdade de São Paulo: a favela em primeiro plano; um pouco mais longe, os imponentes prédios brancos do Morumbi.

"Eu tenho 39 anos fazendo isso aqui. Já deixei meio suor aqui, trabalhando. Então, tem que dizer que é a obra da minha vida. Porque não foi fácil fazer isso aqui", afirma Silva, agora aposentado.

"Se eu vou terminar antes de morrer, não sei. Só Deus sabe", diz, antes de explicar que ainda falta terminar o terraço.

Caso contrário, sua obra ficará inacabada, assim como a basílica da Sagrada Família de Gaudí, em Barcelona, em construção há mais de 140 anos.

H.Sasidharan--DT