Cannes: Kevin Costner volta ao western e Serebrennikov aos fantasmas da Rússia
Kevin Costner voltou a calçar botas de caubói neste domingo, no Festival de Cannes, com "Horizon", enquanto o cineasta russo exilado Kirill Serebrennikov revisitou os fantasmas do seu país com "Limonov", biografia de um polêmico escritor e ativista.
Para filmar Horizon, primeiro filme de uma saga western, Costner teve que hipotecar sua casa. "Foi uma odisseia, como o próprio filme. As pessoas me diziam: 'Ninguém faz dois filmes, Kevin, por que você quer fazer quatro?'", contou à AFP o ator e diretor, de 69 anos.
Com Sienna Miller e Sam Worthington nos papéis principais, o filme é um cruzamento de histórias de colonos e colonizados, de brancos e indígenas, em um oeste violento e dramático.
- Karla Sofía Gascón -
Costner não pisava em Cannes havia duas décadas. No entanto, Horizon não disputa a Palma de Ouro, que tem um grande favorito: o drama musical “Emília Perez”, protagonizado pela atriz trans espanhola Karla Sofía Gascón.
"Tive uma vida um pouco estranha e me restavam coisinhas a fazer. Uma delas era estar aqui", disse à AFP a atriz, de 52 anos. “Acho muito bonito ser um exemplo. Um exemplo de que sonhos se realizam."
- Caos russo -
Serebrennikov é um cineasta com presença frequente em Cannes, e optou desta vez por uma adaptação do grande sucesso literário mundial de vendas "Limonov", de Emmanuel Carrère, publicado em 2010.
Serebrennikov reconheceu que há algo do seu "autorretrato” no filme, estrelado pelo britânico Ben Whishaw, e que disputa a Palma de Ouro.
Limonov mostra um personagem torturado, com desejo de sucesso e ideias políticas confusas, um espelho do cataclisma que a Rússia sofreu com a queda do comunismo em 1989.
Serebrennikov usa em seus filmes seu grande conhecimento teatral para construir todo um relato entre realidade e ficção. Nos anos 2010, ele era um dos artistas russos mais ousados da sua geração, mas, depois, sua postura em favor da comunidade LGBT o levou à prisão domiciliar em 2017.
Em junho de 2020, Serebrennikov foi condenado a três anos de prisão com suspensão condicional da pena, por desvio de dinheiro. Por causa disso, não pôde viajar a Cannes um ano depois para apresentar "A Febre de Petrov".
O cineasta se recuperou no ano seguinte com "A Esposa de Tchaikovsky", um retrato do gênio da música clássica por meio da sua mulher. Desde então, vive no exílio.
S.Al-Balushi--DT