Dubai Telegraph - O preocupante aumento das mutilações genitais femininas 'medicalizadas' no Quênia

EUR -
AED 4.031394
AFN 78.47576
ALL 98.502187
AMD 429.164625
ANG 1.964897
AOA 1005.933864
ARS 1180.700585
AUD 1.848666
AWG 1.977017
AZN 1.864996
BAM 1.962138
BBD 2.213732
BDT 133.196
BGN 1.95819
BHD 0.413731
BIF 3210.971414
BMD 1.09758
BND 1.481019
BOB 7.576128
BRL 6.602051
BSD 1.096331
BTN 94.498525
BWP 15.475115
BYN 3.588017
BYR 21512.575527
BZD 2.202274
CAD 1.565484
CDF 3152.251362
CHF 0.928493
CLF 0.02864
CLP 1099.03991
CNY 8.05547
CNH 8.118154
COP 4855.970014
CRC 562.874599
CUC 1.09758
CUP 29.08588
CVE 110.855576
CZK 25.188394
DJF 195.062282
DKK 7.466082
DOP 68.925348
DZD 146.572225
EGP 56.260435
ERN 16.463706
ETB 142.630372
FJD 2.578381
FKP 0.862345
GBP 0.85856
GEL 3.023848
GGP 0.862345
GHS 17.010025
GIP 0.862345
GMD 79.213002
GNF 9509.221534
GTQ 8.468718
GYD 229.843666
HKD 8.527892
HNL 28.12893
HRK 7.530936
HTG 144.423452
HUF 410.404213
IDR 18497.184496
ILS 4.164714
IMP 0.862345
INR 94.318341
IQD 1440.092402
IRR 46221.282277
ISK 145.697214
JEP 0.862345
JMD 173.128853
JOD 0.778176
JPY 159.934474
KES 142.148924
KGS 95.276509
KHR 4396.535673
KMF 494.670916
KPW 987.796529
KRW 1613.985388
KWD 0.337905
KYD 0.910189
KZT 571.883859
LAK 23807.364165
LBP 98679.751928
LKR 325.646668
LRD 219.824085
LSL 21.487642
LTL 3.24087
LVL 0.663915
LYD 5.415554
MAD 10.494586
MDL 19.487022
MGA 5085.31374
MKD 61.744218
MMK 2304.243531
MNT 3852.25263
MOP 8.783509
MRU 43.847525
MUR 49.47983
MVR 16.952373
MWK 1905.439904
MXN 22.908934
MYR 4.915838
MZN 70.044325
NAD 21.487642
NGN 1729.951671
NIO 40.433053
NOK 12.014565
NPR 150.980085
NZD 1.996345
OMR 0.422551
PAB 1.09758
PEN 4.040733
PGK 4.451044
PHP 62.924813
PKR 308.123638
PLN 4.314576
PYG 8805.578123
QAR 3.995299
RON 5.005348
RSD 117.775994
RUB 94.570234
RWF 1570.039737
SAR 4.116335
SBD 9.330138
SCR 15.998105
SDG 658.686866
SEK 11.000511
SGD 1.484016
SHP 0.862526
SLE 24.981228
SLL 23015.713051
SOS 630.138926
SRD 40.141195
STD 22717.697944
SVC 9.603468
SYP 14270.255073
SZL 21.487642
THB 38.137244
TJS 11.932525
TMT 3.839653
TND 3.380923
TOP 2.641087
TRY 41.706677
TTD 7.445813
TWD 36.256472
TZS 2943.58363
UAH 45.227959
UGX 4057.360747
USD 1.09758
UYU 46.708736
UZS 14264.874097
VES 79.118082
VND 28310.481802
VUV 137.262801
WST 3.120653
XAF 659.561221
XAG 0.036943
XAU 0.000368
XCD 2.970696
XDR 0.822541
XOF 659.561221
XPF 119.331742
YER 269.780311
ZAR 21.682646
ZMK 9879.537495
ZMW 30.665433
ZWL 353.420436
O preocupante aumento das mutilações genitais femininas 'medicalizadas' no Quênia
O preocupante aumento das mutilações genitais femininas 'medicalizadas' no Quênia / foto: SIMON MAINA - AFP

O preocupante aumento das mutilações genitais femininas 'medicalizadas' no Quênia

Edinah Nyasuguta Omwenga estava lutando por sua vida, após sofrer complicações pós-parto, quando ouviu médicos de um hospital no Quênia descreverem seu caso como um típico exemplo dos efeitos nefastos, e até mortais, da excisão.

Tamanho do texto:

Ao contrário de milhares de jovens na África Oriental, Edinah Nyasuguta Omwenga foi submetida a mutilação genital medicalizada. Isso significa que um profissional de saúde em um hospital fez a ablação do clitóris.

"Eu tinha sete anos (…) ninguém me disse que isso me causaria tantos problemas", diz esta mulher, hoje com 35 anos.

Quando o Quênia proibiu a mutilação genital feminina (MGF) em 2011, poucos previram que o procedimento, tradicionalmente realizado em público com pompa e cerimônia, seria transferido para clínicas e lares privados, escondidos da vista de outras pessoas.

Tanto os profissionais como as comunidades defendem a mutilação genital feminina medicalizada como forma de preservar a tradição, apesar dos riscos para a saúde física, psicológica e sexual das meninas. Com frequência, elas não têm nem 15 anos de idade quando são submetidas a esse procedimento.

De acordo com um relatório de 2021 do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), esse tipo de ablação medicalizada está aumentando no Egito, Sudão, Guiné e Quênia.

- "O fim do mundo" -

No condado de Kisii, 300 quilômetros a oeste da capital do país, Nairóbi, mais de 80% dessas mutilações são realizadas por profissionais de saúde, segundo o governo.

Doris Kemunto Onsomu passou anos fazendo a incisão em meninas dessa região montanhosa, acreditando que era uma alternativa mais segura ao procedimento tradicional que ela sofreu quando era adolescente.

"Como estava ciente do risco de infecção, usava um bisturi novo a cada vez", disse ela à AFP.

Ela acreditava estar "ajudando a comunidade". E os pedidos chegavam de famílias de todas as camadas sociais.

"As tradições não estão ligadas à educação. Demora muito para desaprender certas práticas", avalia Doris, de 67 anos.

Tina (que pediu que seu nome verdadeiro não fosse divulgado) estava na casa da avó, em Kisii, quando um médico chegou tarde da noite para operá-la. Ela tinha 8 anos.

"Foi como se fosse o fim do mundo. Foi muito doloroso", disse à AFP essa filha de um engenheiro.

Por ordem da avó, teve de permanecer em isolamento até a cicatrização da ferida. Agora com 20 anos, essa estudante da Universidade de Nairóbi faz campanha contra a prática.

Rosemary Osano, a mais nova de cinco irmãs, diz que "sentiu pressão" para seguir a tradição.

"As pessoas pensam que adotamos a cultura ocidental de muitas maneiras (…) Por isso, defendem (a mutilação genital feminina) como forma de preservar a cultura", diz essa mulher de 31 anos.

- Criar consciência -

A prática também persiste nessas comunidades no exterior.

Em outubro, um tribunal de Londres condenou uma mulher britânica por levar uma menina de três anos a uma clínica no Quênia para ser submetida à mutilação medicalizada.

Aqueles que ainda praticam a mutilação genital feminina "dizem que, sem esta excisão, a jovem se tornará prostituta", disse à AFP a ativista Esnahs Nyaramba.

O presidente William Ruto pediu aos quenianos que parem de praticá-la, mas, para Esnahs Nyaramba, são necessárias sanções mais duras.

"Se um familiar for preso (…) as pessoas vão ficar com medo", afirma.

Para outros ativistas, no entanto, uma política mais repressiva poderia tornar a prática ainda mais clandestina. Várias ONG decidiram, então, concentrar-se na sensibilização para que as famílias optem por ritos de passagem alternativos.

D.Naveed--DT