Dubai Telegraph - 'Seco demais': cafezais sofrem com clima no Brasil e preço do grão dispara no mundo

EUR -
AED 3.824059
AFN 77.015522
ALL 98.319816
AMD 415.39569
ANG 1.866294
AOA 952.131548
ARS 1089.276826
AUD 1.66166
AWG 1.874034
AZN 1.767501
BAM 1.956204
BBD 2.090942
BDT 126.076015
BGN 1.955867
BHD 0.392366
BIF 3063.834936
BMD 1.04113
BND 1.408408
BOB 7.155648
BRL 6.269375
BSD 1.035504
BTN 89.627786
BWP 14.413043
BYN 3.388916
BYR 20406.144748
BZD 2.080139
CAD 1.492361
CDF 2951.603018
CHF 0.944076
CLF 0.03788
CLP 1045.22165
CNY 7.570523
CNH 7.581758
COP 4487.738093
CRC 520.204844
CUC 1.04113
CUP 27.589941
CVE 110.290406
CZK 25.144852
DJF 184.40628
DKK 7.461085
DOP 63.532805
DZD 140.230957
EGP 52.36852
ERN 15.616948
ETB 129.833814
FJD 2.410115
FKP 0.857461
GBP 0.844195
GEL 2.966969
GGP 0.857461
GHS 15.668958
GIP 0.857461
GMD 75.479031
GNF 8950.686341
GTQ 7.991841
GYD 216.65991
HKD 8.108085
HNL 26.359186
HRK 7.683068
HTG 135.178543
HUF 411.610717
IDR 16994.98696
ILS 3.701114
IMP 0.857461
INR 90.074128
IQD 1356.599475
IRR 43818.569503
ISK 145.903635
JEP 0.857461
JMD 163.214463
JOD 0.738578
JPY 162.13567
KES 134.849559
KGS 91.046715
KHR 4171.880891
KMF 498.857559
KPW 937.016966
KRW 1494.625461
KWD 0.320887
KYD 0.862991
KZT 542.609784
LAK 22603.989932
LBP 92734.080759
LKR 307.967985
LRD 204.005035
LSL 19.306076
LTL 3.074185
LVL 0.629769
LYD 5.100003
MAD 10.395795
MDL 19.396095
MGA 4854.024925
MKD 61.52499
MMK 3381.549089
MNT 3537.759288
MOP 8.305734
MRU 41.028269
MUR 48.443798
MVR 16.038596
MWK 1795.679157
MXN 21.494747
MYR 4.629386
MZN 66.589481
NAD 19.306262
NGN 1614.157059
NIO 38.102922
NOK 11.778864
NPR 143.401213
NZD 1.840833
OMR 0.40075
PAB 1.035539
PEN 3.868398
PGK 4.21685
PHP 60.922756
PKR 288.710288
PLN 4.250079
PYG 8208.61498
QAR 3.77507
RON 4.976183
RSD 117.135462
RUB 103.591983
RWF 1451.806548
SAR 3.905662
SBD 8.816295
SCR 14.988998
SDG 625.719275
SEK 11.450393
SGD 1.410642
SHP 0.857461
SLE 23.685744
SLL 21831.971973
SOS 591.824964
SRD 36.548843
STD 21549.285533
SVC 9.061
SYP 13536.770088
SZL 19.30189
THB 35.332815
TJS 11.287692
TMT 3.643954
TND 3.310863
TOP 2.43843
TRY 37.104056
TTD 7.032552
TWD 34.133409
TZS 2624.331171
UAH 43.635714
UGX 3826.370736
USD 1.04113
UYU 45.530051
UZS 13446.097436
VES 57.502672
VND 26252.088767
VUV 123.605024
WST 2.916024
XAF 656.095534
XAG 0.033762
XAU 0.000379
XCD 2.813706
XDR 0.797868
XOF 656.08608
XPF 119.331742
YER 259.241162
ZAR 19.266784
ZMK 9371.433712
ZMW 28.814084
ZWL 335.243382
'Seco demais': cafezais sofrem com clima no Brasil e preço do grão dispara no mundo

'Seco demais': cafezais sofrem com clima no Brasil e preço do grão dispara no mundo

Em uma manhã de setembro de 2024, Moacir Donizetti Rossetto verificava os cafezais na propriedade de sua família, no interior de São Paulo, quando sentiu um cheiro de fumaça. Horas depois, o fogo atingiu suas terras.

Tamanho do texto:

"Foi desesperador: o fogo avançando, destruindo a nossa plantação, chegando a vinte metros da minha casa", relembra este pequeno produtor de 54 anos, um das centenas que sofreram o pior incêndio florestal registrado em Caconde, município paulista com a maior produção de café.

Moradores acreditam que o incêndio começou devido à queima descontrolada de lixo, embora a extensão dos danos tenha sido causada por uma situação climática: a seca.

Em Tóquio, Paris ou Nova York, tomar café vai ficar cada vez mais caro, e isso se explica por realidades como a de Caconde: o calor e a irregularidade das chuvas castigam as plantações de café do Brasil, o maior produtor e exportador mundial do grão.

A família de Donizetti Rossetto lutou durante quatro dias contra o fogo, que arrasou a densa paisagem de sua fazenda, situada entre as montanhas da Mata Atlântica, bioma que cobre parte de São Paulo. As chamas consumiram cinco hectares de cafezais, um terço da produção da família.

"Não só perdemos na colheita desse ano mas também no futuro, porque vai demorar três ou quatro anos até essa terra produzir novamente", lamenta Rossetto ao lado de seus pés de café queimados, escurecidos pela fuligem.

"De uns cinco anos para cá, está seco demais, às vezes não chove por meses", diz. "Temperatura também esquentou demais, não dá para aguentar. Quando vem a época da floração, o café não tem água e não resiste", explica.

Segundo estudos oficiais, o Brasil viveu em 2024 seu ano mais quente desde o primeiro registro, em 1961. Também sofreu um número recorde de incêndios florestais em 14 anos, a maioria deles de origem humana e agravados pela seca.

A ciência relaciona ambos os fenômenos, altas temperaturas e seca, ao aquecimento global.

- Brasil sofre e mundo paga -

Com 54,2 milhões de sacas de 60 kg produzidos em 2024, segundo balanço divulgado nesta terça-feira pela Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab), o Brasil viu sua safra cair 1,6% em relação a 2023.

O ano de 2024 deveria ter sido abundante no ciclo bienal do arábica, variedade mais consumida, cuja planta costuma alternar uma temporada de boa floração com outra de menor rendimento. "O clima adverso teve impacto em regiões produtoras importantes", ressaltou a Conab.

Responsável por mais de um terço da produção mundial, o Brasil dita o ritmo dos preços internacionais. O valor de uma libra de arábica atingiu seu nível mais alto desde 1977 em dezembro. Foi cotado a 3,48 dólares na Bolsa de Valores de Nova York (23,22 reais), um aumento de 90% em menos de um ano.

"Eu trabalho com café há 35 anos e jamais vi uma situação tão difícil quanto a atual", afirma o cafeicultor Guy Carvalho, um dos mais renomados consultores brasileiros do setor. "Depois da última grande colheita, em 2020, sempre tivemos algum problema com o clima."

Carvalho diz que os preços altos se devem, em grande parte, à "frustração" diante de quatro safras decepcionantes consecutivas, e à expectativa de que os resultados ruins se repitam em 2025.

Fatores geopolíticos complicam ainda mais o panorama dos preços, como possíveis restrições tarifárias após a posse de Donald Trump nos Estados Unidos e regulamentações europeias sobre o desmatamento.

- Em busca de um café sustentável -

Frente ao clima adverso, alguns cafeicultores brasileiros estão testando estratégias alternativas como solução.

"Quando eu nasci, Divinolândia era frio, água congelava no inverno", diz Lange, 67 anos. "Isso hoje não tem mais. Com essas temperaturas, o modelo atual de produção tem os dias contados".

O café cultivado em árvores, que reproduz o habitat da planta em suas origens africanas, não só sofre menos com o calor como também amadurece mais lentamente, o que resulta em um grão maior e mais doce e, portanto, mais valorizado no mercado.

Juntamente com outros 50 colegas, Lange aplica um modelo de "cafeicultura regenerativa" desde 2022: coexistência com outras espécies, sem agrotóxicos e com água de manancial. "No começo, a produtividade vai cair, mas a expectativa é de um resultado fantástico em quatro ou cinco anos", diz.

A.El-Nayady--DT