Metade de Havana volta a ter luz no 4º dia de apagão em Cuba
Metade de Havana recuperou o serviço de eletricidade nesta segunda-feira (21), no quarto dia do apagão nacional em Cuba e depois dos primeiros sinais de impaciência na população.
O restabelecimento da eletricidade em 50% da capital, de dois milhões de habitantes, foi anunciado pela companhia energética de Havana, enquanto a tempestade tropical Oscar atravessa o leste do país, sem causar grandes danos, segundo os primeiros relatos.
"Neste momento existem 172 circuitos em serviço, o que representa 317 MW (megawatts), cerca de 50% dos clientes já estão com serviço", afirmou a empresa elétrica de Havana em um relatório publicado pelo portal de notícias estatal Cubadebate.
Cuba, declarada pelo governo em "emergência energética", sofreu na última sexta-feira o desligamento total do seu sistema elétrico, após o colapso da central termelétrica Antonio Guiteras, a mais importante do país.
O ministro de Energia e Minas, Vicente de la O Levy, prometeu em uma conferência no domingo ao meio-dia restaurar o serviço na noite desta segunda-feira para a grande maioria da população da ilha.
Durante o fim de semana, as autoridades fizeram grandes esforços para suspender o serviço, sem sucesso.
O presidente, Miguel Díaz-Canel, reconheceu que a situação do sistema elétrico continua "complexa". O apagão provocou panelaços e protestos em alguns bairros da capital no fim de semana.
- Tempestade Oscar no leste -
Aqueles que tentarem "causar perturbações da ordem pública" e que participarem em atos de vandalismo "serão processados conforme o rigor contemplado pelas leis revolucionárias", disse o presidente, vestido com um uniforme militar verde, durante uma reunião do Conselho de Defesa Nacional, transmitida pela televisão estatal.
A mensagem foi dada em meio a uma forte tensão também devido à chegada de Oscar à costa leste da ilha, que atingiu a categoria um, apenas para ser rebaixado a tempestade tropical algumas horas depois.
Oscar causou danos em telhados e paredes de casas, derrubou postes e árvores na cidade de Baracoa, no extremo leste da ilha, segundo a televisão oficial, que não exibiu imagens.
"Fortes tempestades continuarão chegando na costa norte das províncias de Guantánamo, Holguín e Las Tunas", alertou na manhã desta segunda-feira o Centro de Previsão do Instituto de Meteorologia de Cuba, em um relatório publicado pelo Cubadebate.
Acrescentou que as inundações costeiras, de moderadas a fortes, continuarão nas áreas baixas desse litoral, incluindo o cais de Baracoa.
Em quatro províncias do leste do país, com 10 milhões de habitantes, as autoridades anunciaram medidas de proteção da população, incluindo evacuações em zonas de risco de inundações.
- "Acendam a luz" -
Houve protestos pelo apagão em alguns bairros da capital, onde muitos também ficaram sem água ou gás em consequência do corte de energia.
Dezenas de pessoas, incluindo mulheres com crianças nos braços, saíram no escuro com panelas para se manifestarem no bairro populoso de Santos Suárez. "Acendam a luz", gritavam.
"No meu quarteirão, as pessoas na rua fazem barulho, com panelas e gritos", disse à AFP um morador de Santos Suárez, que pediu anonimato.
Outro grupo fechou uma rua no centro de Havana com barricadas de lixo.
Nas redes sociais, usuários publicaram vídeos atribuídos a um protesto em Manicaragua, localidade da província de Villa Clara (centro), sem que a AFP conseguisse verificar a sua autenticidade.
Durante a noite, foi possível observar uma forte presença policial nas ruas da capital, enquanto muitas pessoas reclamavam do corte no serviço de dados em seus celulares.
As autoridades suspenderam as aulas e atividades laborais essenciais até quarta-feira, apenas os hospitais e serviços vitais à população permanecerão em funcionamento.
Na ilha, a eletricidade é gerada através de oito centrais termelétricas desgastadas e dependentes de combustível, que em alguns casos avariaram ou estão em manutenção, além de várias centrais flutuantes - que o governo aluga a empresas turcas - e grupos geradores.
Com escassez de alimentos, medicamentos, inflação disparada e apagões crônicos que limitam o desenvolvimento de atividades produtivas, Cuba enfrenta a sua pior crise econômica em três décadas.
U.Siddiqui--DT