Dubai Telegraph - Produtores negros de café buscam 'reparação histórica' no Brasil

EUR -
AED 4.080678
AFN 76.67633
ALL 99.084024
AMD 430.547845
ANG 2.003488
AOA 1035.986529
ARS 1072.370092
AUD 1.622155
AWG 2.002544
AZN 1.890673
BAM 1.956472
BBD 2.244601
BDT 132.845617
BGN 1.954492
BHD 0.418742
BIF 3222.835689
BMD 1.110981
BND 1.435606
BOB 7.698644
BRL 6.152284
BSD 1.111682
BTN 92.868626
BWP 14.637026
BYN 3.637549
BYR 21775.237333
BZD 2.2408
CAD 1.502075
CDF 3188.5166
CHF 0.940491
CLF 0.037155
CLP 1025.224793
CNY 7.838418
CNH 7.835925
COP 4623.627243
CRC 576.497962
CUC 1.110981
CUP 29.44101
CVE 110.302877
CZK 25.139244
DJF 197.96065
DKK 7.458263
DOP 66.792936
DZD 147.285599
EGP 54.060913
ERN 16.664722
ETB 132.530709
FJD 2.467263
FKP 0.846078
GBP 0.832131
GEL 3.016291
GGP 0.846078
GHS 17.487005
GIP 0.846078
GMD 76.65806
GNF 9604.38447
GTQ 8.59903
GYD 232.579865
HKD 8.652318
HNL 27.599477
HRK 7.553575
HTG 146.511629
HUF 394.820406
IDR 16860.310742
ILS 4.206698
IMP 0.846078
INR 92.788897
IQD 1456.313187
IRR 46763.987035
ISK 151.71531
JEP 0.846078
JMD 174.659976
JOD 0.787351
JPY 159.531392
KES 143.405502
KGS 93.600247
KHR 4516.591593
KMF 490.331859
KPW 999.882717
KRW 1481.888207
KWD 0.338905
KYD 0.926426
KZT 534.528361
LAK 24547.429268
LBP 99551.084548
LKR 338.649336
LRD 222.338349
LSL 19.33614
LTL 3.28044
LVL 0.672021
LYD 5.278884
MAD 10.771299
MDL 19.382656
MGA 5048.73367
MKD 61.55586
MMK 3608.424564
MNT 3775.115076
MOP 8.915442
MRU 44.023117
MUR 50.793914
MVR 17.065084
MWK 1927.661934
MXN 21.572384
MYR 4.640019
MZN 70.935892
NAD 19.336314
NGN 1795.401857
NIO 40.914418
NOK 11.638914
NPR 148.588023
NZD 1.771985
OMR 0.427675
PAB 1.111682
PEN 4.178735
PGK 4.415516
PHP 62.193301
PKR 308.936385
PLN 4.272505
PYG 8653.088188
QAR 4.050891
RON 4.975862
RSD 117.088538
RUB 101.622969
RWF 1500.11512
SAR 4.168282
SBD 9.220398
SCR 15.314904
SDG 668.259091
SEK 11.325357
SGD 1.434116
SHP 0.846078
SLE 25.382931
SLL 23296.72078
SOS 635.31816
SRD 33.813275
STD 22995.073917
SVC 9.727428
SYP 2791.374269
SZL 19.327637
THB 36.631266
TJS 11.817264
TMT 3.888435
TND 3.371658
TOP 2.602033
TRY 37.951483
TTD 7.558664
TWD 35.582851
TZS 3032.979372
UAH 46.030306
UGX 4112.412149
USD 1.110981
UYU 46.266304
UZS 14151.859565
VEF 4024588.83623
VES 40.847215
VND 27377.36153
VUV 131.897955
WST 3.107929
XAF 656.182324
XAG 0.035835
XAU 0.000422
XCD 3.002483
XDR 0.822382
XOF 656.191187
XPF 119.331742
YER 278.106439
ZAR 19.24826
ZMK 10000.179125
ZMW 29.487524
ZWL 357.735589
Produtores negros de café buscam 'reparação histórica' no Brasil
Produtores negros de café buscam 'reparação histórica' no Brasil / foto: MAURO PIMENTEL - AFP

Produtores negros de café buscam 'reparação histórica' no Brasil

Raphael Brandão contempla orgulhoso os grãos que saem de seu torrador: seu café de alta qualidade foi produzido por agricultores negros no Brasil, um país onde esse produto ainda está associado aos sofrimentos da escravidão.

Tamanho do texto:

Ao abastecer-se exclusivamente em fazendas pertencentes a afrodescendentes, este homem de 31 anos quer "inverter a lógica" segundo a qual pessoas negras como ele seriam limitadas a ser "mão de obra barata".

É "tentar da maneira que eu posso fazer uma reparação histórica no café [...], um produto da África. É um produto que veio para o Brasil. E que através da mão de obra negra escravizada fez com que o Brasil se tornasse o maior produtor do mundo", diz à AFP este jovem de cabelo afro, óculos de armação fina sobre o nariz.

Em sua torrefação artesanal em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ele dá o toque final aos produtos de sua marca Café di Preto, lançada em 2020. Seu logo: um punho negro levantado segurando um ramo de café.

O Brasil foi o último país da América a abolir a escravidão, em 1888, e as desigualdades permanecem muito fortes neste país onde mais da metade da população se declara preta ou parda.

- 'Primeira geração' -

Determinado em demolir o "estigma de que pessoas pretas não produzem qualidade", este microempreendedor produz apenas "café especial", uma denominação controlada de prestígio.

"No início não foi fácil achar esses produtores [negros]", conta ele, já que a grande maioria das plantações de café no Brasil pertence a famílias brancas.

"É sempre o produtor herdeiro, é sempre um produtor que está cinco gerações fazendo café. E essa galera que eu trabalho geralmente é a primeira geração trabalhando com café", continua Brandão.

Com mais de 18 mil seguidores no Instagram, ele usa as redes sociais não só para promover seus produtos, mas também para conscientizar as pessoas sobre questões raciais.

Ele se defende de qualquer comunitarismo. "Me perguntam: 'E se fosse o contrário? E se torrefações brancas só trabalhassem com produtores brancos?' Não é o que acontece no dia a dia?", rebate.

Ele se insere assim no movimento "Black Money", que promove o comércio entre pessoas negras como uma ferramenta de progresso social.

- 'Da produção à xícara' -

Nas embalagens de seu café, vendido online, pode-se ler um breve texto sobre a história da família que produziu os grãos, que chegam em grandes sacos empilhados em sua pequena oficina de cerca de vinte metros quadrados antes de serem torrados.

Cada linha de café é batizada em homenagem a uma mulher negra, às vezes uma personalidade como Dandara, companheira de Zumbi dos Palmares, líder quilombola e da resistência dos escravos contra a opressão portuguesa no século XVII.

O café "Auxiliadora" leva o nome da cunhada de Neide Peixoto, 49 anos, uma das primeiras a fornecer seus grãos para Brandão. A 500 km de Nova Iguaçu, sua plantação de 19 hectares está localizada em Santo Antônio do Amparo, Minas Gerais, um importante polo de produção de café.

"Meus pais eram colhedores de café nas fazendas da região e eu sempre ia desde pequenininha com eles", relata Peixoto, usando um chapéu de palha para se proteger do sol.

Mas, ao contrário de seus pais, ela cultiva café em terras que pertencem à sua família, em uma fazenda comprada por seu marido e seus irmãos, que antes trabalhavam em plantações que pertenciam a donos brancos.

"No passado, nós, negros, a nossa história foi uma história muito difícil, muito sofrida. Então, hoje, eu poder ser uma produtora e ser reconhecida é algo muito bom. A gente fica muito feliz", diz ela.

A maior parte de sua produção é destinada à exportação, mas os grãos fornecidos ao Café di Preto têm um sabor especial: "É emocionante saber que o café que eu produzo, que é um café produzido por negros, também é um café torrado por negros. Eu fico muito feliz de saber que a gente está fazendo essa conexão, desde a produção, aqui na lavoura, até na xícara".

O conceito deu certo. As vendas do Café di Preto não param de crescer, passando de 800 kg em 2022 para 1,3 tonelada em 2023. Raphael Brandão espera vender mais de duas toneladas este ano, após um aumento de 20% nas vendas no primeiro trimestre.

R.El-Zarouni--DT