Dubai Telegraph - Produtores negros de café buscam 'reparação histórica' no Brasil

EUR -
AED 3.872624
AFN 71.490074
ALL 98.131905
AMD 411.634395
ANG 1.894634
AOA 960.490463
ARS 1062.786109
AUD 1.626461
AWG 1.897823
AZN 1.787914
BAM 1.953107
BBD 2.122613
BDT 125.626787
BGN 1.953677
BHD 0.397439
BIF 3105.7589
BMD 1.054346
BND 1.411813
BOB 7.265018
BRL 6.261444
BSD 1.051321
BTN 88.766031
BWP 14.361926
BYN 3.440359
BYR 20665.187067
BZD 2.119018
CAD 1.478911
CDF 3025.973979
CHF 0.931504
CLF 0.037345
CLP 1030.465577
CNY 7.635891
CNH 7.646936
COP 4623.60365
CRC 536.949475
CUC 1.054346
CUP 27.940176
CVE 110.113699
CZK 25.268434
DJF 187.206555
DKK 7.458525
DOP 63.371422
DZD 140.809016
EGP 52.379394
ERN 15.815194
ETB 132.880765
FJD 2.393051
FKP 0.832213
GBP 0.832912
GEL 2.883652
GGP 0.832213
GHS 16.347538
GIP 0.832213
GMD 74.858352
GNF 9059.337238
GTQ 8.110855
GYD 219.947781
HKD 8.204359
HNL 26.588835
HRK 7.520925
HTG 137.875975
HUF 412.996568
IDR 16728.258062
ILS 3.859234
IMP 0.832213
INR 89.081875
IQD 1377.161999
IRR 44361.620061
ISK 144.698404
JEP 0.832213
JMD 166.057891
JOD 0.747848
JPY 159.721841
KES 136.13683
KGS 91.515616
KHR 4230.047297
KMF 491.852743
KPW 948.911251
KRW 1471.666823
KWD 0.324138
KYD 0.876067
KZT 528.356474
LAK 23083.515892
LBP 94141.719757
LKR 305.912408
LRD 188.176974
LSL 19.073459
LTL 3.113211
LVL 0.637764
LYD 5.143761
MAD 10.533626
MDL 19.253905
MGA 4919.077664
MKD 61.464827
MMK 3424.475586
MNT 3582.668599
MOP 8.424644
MRU 41.792584
MUR 49.037768
MVR 16.289426
MWK 1822.934689
MXN 21.532007
MYR 4.685542
MZN 67.368923
NAD 19.07364
NGN 1778.839916
NIO 38.685926
NOK 11.703317
NPR 142.023832
NZD 1.79066
OMR 0.405927
PAB 1.05135
PEN 3.956844
PGK 4.239075
PHP 61.841648
PKR 292.116192
PLN 4.305666
PYG 8217.436073
QAR 3.831835
RON 4.976303
RSD 116.992339
RUB 119.30221
RWF 1448.575242
SAR 3.960678
SBD 8.846588
SCR 14.244625
SDG 634.192996
SEK 11.541091
SGD 1.416045
SHP 0.832213
SLE 23.930094
SLL 22109.11929
SOS 600.860143
SRD 37.313845
STD 21822.839258
SVC 9.199055
SYP 2649.076507
SZL 19.070344
THB 36.298507
TJS 11.274933
TMT 3.700755
TND 3.315544
TOP 2.469382
TRY 36.545854
TTD 7.136026
TWD 34.313171
TZS 2790.034293
UAH 43.770804
UGX 3879.669153
USD 1.054346
UYU 45.058088
UZS 13507.248245
VES 49.340193
VND 26719.770574
VUV 125.174109
WST 2.943304
XAF 655.041411
XAG 0.035331
XAU 0.0004
XCD 2.849423
XDR 0.804168
XOF 655.035207
XPF 119.331742
YER 263.507501
ZAR 19.224639
ZMK 9490.385293
ZMW 28.673649
ZWL 339.499072
Produtores negros de café buscam 'reparação histórica' no Brasil
Produtores negros de café buscam 'reparação histórica' no Brasil / foto: MAURO PIMENTEL - AFP

Produtores negros de café buscam 'reparação histórica' no Brasil

Raphael Brandão contempla orgulhoso os grãos que saem de seu torrador: seu café de alta qualidade foi produzido por agricultores negros no Brasil, um país onde esse produto ainda está associado aos sofrimentos da escravidão.

Tamanho do texto:

Ao abastecer-se exclusivamente em fazendas pertencentes a afrodescendentes, este homem de 31 anos quer "inverter a lógica" segundo a qual pessoas negras como ele seriam limitadas a ser "mão de obra barata".

É "tentar da maneira que eu posso fazer uma reparação histórica no café [...], um produto da África. É um produto que veio para o Brasil. E que através da mão de obra negra escravizada fez com que o Brasil se tornasse o maior produtor do mundo", diz à AFP este jovem de cabelo afro, óculos de armação fina sobre o nariz.

Em sua torrefação artesanal em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ele dá o toque final aos produtos de sua marca Café di Preto, lançada em 2020. Seu logo: um punho negro levantado segurando um ramo de café.

O Brasil foi o último país da América a abolir a escravidão, em 1888, e as desigualdades permanecem muito fortes neste país onde mais da metade da população se declara preta ou parda.

- 'Primeira geração' -

Determinado em demolir o "estigma de que pessoas pretas não produzem qualidade", este microempreendedor produz apenas "café especial", uma denominação controlada de prestígio.

"No início não foi fácil achar esses produtores [negros]", conta ele, já que a grande maioria das plantações de café no Brasil pertence a famílias brancas.

"É sempre o produtor herdeiro, é sempre um produtor que está cinco gerações fazendo café. E essa galera que eu trabalho geralmente é a primeira geração trabalhando com café", continua Brandão.

Com mais de 18 mil seguidores no Instagram, ele usa as redes sociais não só para promover seus produtos, mas também para conscientizar as pessoas sobre questões raciais.

Ele se defende de qualquer comunitarismo. "Me perguntam: 'E se fosse o contrário? E se torrefações brancas só trabalhassem com produtores brancos?' Não é o que acontece no dia a dia?", rebate.

Ele se insere assim no movimento "Black Money", que promove o comércio entre pessoas negras como uma ferramenta de progresso social.

- 'Da produção à xícara' -

Nas embalagens de seu café, vendido online, pode-se ler um breve texto sobre a história da família que produziu os grãos, que chegam em grandes sacos empilhados em sua pequena oficina de cerca de vinte metros quadrados antes de serem torrados.

Cada linha de café é batizada em homenagem a uma mulher negra, às vezes uma personalidade como Dandara, companheira de Zumbi dos Palmares, líder quilombola e da resistência dos escravos contra a opressão portuguesa no século XVII.

O café "Auxiliadora" leva o nome da cunhada de Neide Peixoto, 49 anos, uma das primeiras a fornecer seus grãos para Brandão. A 500 km de Nova Iguaçu, sua plantação de 19 hectares está localizada em Santo Antônio do Amparo, Minas Gerais, um importante polo de produção de café.

"Meus pais eram colhedores de café nas fazendas da região e eu sempre ia desde pequenininha com eles", relata Peixoto, usando um chapéu de palha para se proteger do sol.

Mas, ao contrário de seus pais, ela cultiva café em terras que pertencem à sua família, em uma fazenda comprada por seu marido e seus irmãos, que antes trabalhavam em plantações que pertenciam a donos brancos.

"No passado, nós, negros, a nossa história foi uma história muito difícil, muito sofrida. Então, hoje, eu poder ser uma produtora e ser reconhecida é algo muito bom. A gente fica muito feliz", diz ela.

A maior parte de sua produção é destinada à exportação, mas os grãos fornecidos ao Café di Preto têm um sabor especial: "É emocionante saber que o café que eu produzo, que é um café produzido por negros, também é um café torrado por negros. Eu fico muito feliz de saber que a gente está fazendo essa conexão, desde a produção, aqui na lavoura, até na xícara".

O conceito deu certo. As vendas do Café di Preto não param de crescer, passando de 800 kg em 2022 para 1,3 tonelada em 2023. Raphael Brandão espera vender mais de duas toneladas este ano, após um aumento de 20% nas vendas no primeiro trimestre.

R.El-Zarouni--DT