Presidente do júri de Cannes exalta movimento #MeToo: 'as coisas não pararam'
A diretora americana Greta Gerwig, presidente do 77º Festival de Cannes, celebrou nesta terça-feira (14) a mobilização feminista gerada pelo movimento #MeToo, um sinal de que “as coisas não pararam” no mundo do cinema.
Em meio à polêmica em Cannes sobre as denúncias de abusos no cinema francês, Gerwig elogiou as “numerosas mudanças concretas” que ocorreram na indústria cinematográfica graças ao movimento #MeToo.
“Há 15 anos, não poderia imaginar que haveria tantas mulheres representadas no mundo do cinema”, declarou Gerwig durante a conferência de imprensa do júri, horas antes do início oficial do festival.
A cineasta americana de 40 anos se tornou no ano passado a primeira mulher a dirigir um filme, "Barbie", que ultrapassou US$ 1 bilhão (R$ 5,14 bilhões na cotação atual) em bilheteria.
Diante das acusações públicas no cinema francês, que segue o rastro gerado pelo escândalo do produtor Harvey Weinstein, Gerwig disse: “as coisas não pararam, continuaremos discutindo e procurando como queremos que seja a nossa indústria e o nosso cinema”.
Entre as “mudanças muito concretas” que já ocorreram no cinema americano nos últimos anos está o uso de coordenadores de intimidade nos sets para ajudar a administrar as cenas de sexo entre os atores.
“Vejo isso exatamente da mesma forma que os coordenadores de cenas arriscadas ou de combates”, acrescentou, dizendo que os coordenadores de intimidade fazem “parte da construção de um ambiente seguro”.
O ator francês Omar Sy, também membro do júri, comemorou a presença de “cada vez mais mulheres que têm coragem de dizer coisas”.
“Há alguns anos [às vítimas] foi dada voz e isso tem continuado desde então, por isso é um bom sinal, a conversa continua”, estimou. O cineasta espanhol Juan Antonio Bayona, por outro lado, foi cauteloso quanto à culpabilização excessiva do mundo do cinema.
“Não é um problema que afete o cinema em particular e estamos aqui para avaliar os filmes”, disse o autor do recente sucesso "A Sociedade da Neve".
Esta edição de Cannes começa em plena tensão devido às denúncias contra personalidades específicas do cinema francês.
Uma investigação da revista Elle baseada em testemunhos anônimos de aspirantes a atrizes denunciou o produtor Alain Sarde, atualmente com 72 anos, supostamente autor de violações e agressões sexuais durante décadas.
H.Hajar--DT