Retirar os escombros para reabrir o porto de Baltimore, uma tarefa 'complexa'
Vários guindastes flutuantes estão no porto de Baltimore nesta sexta-feira (29) para retirar a estrutura de aço e o navio, "quase do tamanho da Torre Eiffel", que derrubou uma ponte, provocando a morte de seis operários latino-americanos, mas a tarefa é "complexa", segundo as autoridades.
O porto de Baltimore, na costa leste dos Estados Unidos, é um dos mais movimentados do mundo.
"Precisamos limpar o canal e abrir o tráfego às embarcações" porque "disso depende a saúde da economia de Maryland e a nacional", afirmou, nesta sexta, o governador do estado, Wes Moore, durante uma coletiva de imprensa.
Mas esta é "uma operação consideravelmente complexa", com um bloco de aço caído sobre uma embarcação "quase do tamanho da Torre Eiffel", acrescentou.
Alguns dos contêineres estão "partidos ao meio, como se fossem papel machê", afirmou o governador, que inspecionou os danos.
A dificuldade de navegar, com "fortes ventos e cabos elétricos", não facilita as coisas, assegurou.
Para retirar o bloco de aço, a Marinha americana se comprometeu a fornecer guindastes enormes, dois dos quais já chegaram. O terceiro chegará durante a noite e o quarto, na segunda-feira, segundo as autoridades.
Um deles poderá erguer cerca de 1.000 toneladas. Mas parte dos destroços da ponte Francis Scott Key caíram sobre o cargueiro Dali e o peso varia entre 3.000 e 4.000 toneladas.
Nas próximas semanas, o governador espera ter funcionando na água um total de sete guindastes flutuantes, dez rebocadores, nove barcaças, oito navios de salvamento e cinco barcos da guarda-costeira.
A retirada dos escombros é essencial para reconstruir a ponte, que colapsou na madrugada de terça-feira como um castelo de cartas, depois que o cargueiro Dali se chocou contra a estrutura, aparentemente devido a um problema em seu sistema de propulsão.
Responsáveis conseguiram emitir um alerta que permitiu interromper o tráfego, mas naquele momento oito operários latino-americanos faziam reparos no asfalto da autopista e caíram na água.
Dois foram resgatados pouco após o desabamento e os corpos de outros dois foram recuperados, mas outros quatro continuam desaparecidos e os mergulhadores suspenderam as buscas até o fim dos trabalhos de limpeza, devido aos riscos da operação.
A tragédia chocou a comunidade de migrantes, sobretudo os operários que costumam trabalhar em condições difíceis.
"Estamos todos com vocês, aqui, agora, e sempre!", exclamaram, nesta sexta-feira, em Baltimore, durante uma coletiva de imprensa, integrantes da We are Casa, uma organização de defesa dos migrantes, que os homenageou.
"Em um país onde os migrantes são frequentemente demonizados (...), somos lembrados, mais uma vez, das enormes contribuições que os migrantes dão a este país", afirmou Gustavo Torres, diretor de uma organização que pediu ao presidente, Joe Biden, que se mobilize por eles.
"Agora é o momento de o presidente dar ajuda a estes trabalhadores que, juntamente com seus irmãos e irmãs nascidos nos Estados Unidos, constroem este país", acrescentou.
Vestindo capacetes e coletes fluorescentes como os dos operários, os migrantes pediram ao governo um Status de Proteção Temporária (TSP, na sigla em inglês), que os proteja da expulsão quando as condições em seu país de origem os impede de retornar em segurança.
O hondurenho Victoriano Almendares, eletricista que mora há 21 anos nos Estados Unidos, contou que passou mais de um ano no hospital devido a um acidente de trabalho que lhe causou lesões nas costas, no estômago e na cabeça.
"Sofri muitas discriminações como hispânico no salário, não me pagam como exige a lei como eletricista, ficaram me devendo dinheiro", protestou. Desculpavam-se com a frase: "você não tem documentos".
Érika Alemán, também de Honduras, disse se sentir "orgulhosa de ser trabalhadora da construção".
"Nossas contribuições são vitais e estou aqui para dizer: nós, imigrantes, somos essenciais", afirmou.
Y.Chaudhry--DT