Buscas por corpos desaparecidos continuam após queda de ponte nos EUA
Equipes de resgate continuavam nesta quarta-feira (27) as buscas por corpos de seis trabalhadores latinos dados como mortos após a queda de uma ponte na cidade americana de Baltimore.
Estes trabalhadores da construção reparavam buracos na pista da ponte Francis Scott Key quando a estrutura caiu na madrugada de terça-feira no rio Patapsco, no estado de Maryland (leste), depois que um navio, o "MV Dali", se chocou contra ela.
Na noite de terça, os serviços de emergência suspenderam as buscas por sobreviventes nas águas geladas. Durante horas buscaram sinais de vida por terra, mar e ar, mas resgataram apenas duas pessoas, uma delas gravemente ferida.
Shannon Gilreath, vice-almirante da Guarda Costeira, declarou à imprensa o fim da "fase de busca ativa" e o início de uma nova.
Segundo a organização Casa, especializada em ajudar migrantes, um dos desaparecidos é Miguel Luna, pai de três filhos e originário de El Salvador. Saiu para trabalhar na noite de segunda e não voltou.
Sua esposa, María del Carmen Castellón, declarou ao canal Telemundo 44 que está "devastada".
Há também dois procedentes da Guatemala, de 26 e 35 anos, informou a chancelaria do país centro-americano em nota, além de cidadãos do México e Honduras, segundo o site de notícias local The Baltimore Banner.
- "Saiam, saiam" -
"Me dói o coração (...) são meus colegas", disse Jesús Campos, que trabalhou com eles.
O balanço deste "terrível acidente", disse o presidente americano Joe Biden, teria sido pior se o navio, que sofreu uma "perda momentânea de propulsão", não tivesse emitido um alerta que permitiu interromper o trânsito.
A autoridade de transportes do estado de Maryland, Paul Wiedefeld, descartou a versão de "problema estrutural" na ponte. Até o momento, a investigação preliminar considera um acidente.
Imagens de câmeras de segurança mostram o navio cargueiro "MV Dali" desviando sua rota e chocando contra um pilar da ponte provocando a queda de vários arcos. As imagens mostram as luzes de veículos de manutenção na ponte, que em seguida desmorona.
A tripulação, que não se feriu, tentou parar lançando âncoras, mas sem sucesso. "A ponte inteira desabou! Saiam, saiam... todo mundo...", gritou um operador segundos após o colapso.
Jennifer Woolf quase perdeu o filho de 20 anos. Ele cruzou a ponte três minutos antes da tragédia. "Ele voltou para casa em pânico, chorando e tremendo", disse a americana de 41 anos à AFP.
- Reconstrução -
O MV Dali é um cargueiro de construção recente, com 300 metros de comprimento e 48 metros de largura, com bandeira de Singapura.
Os registros mostram que o navio seguia de Baltimore para Colombo, no Sri Lanka. A gigante dinamarquesa Maersk confirmou ter fretado o navio, operado pela companhia de navegação Synergy Group.
As autoridades portuárias de Singapura afirmaram nesta quarta-feira que o navio passou por duas inspeções em 2023 e que em junho um medidor de monitoramento de pressão de combustível com defeito foi reparado.
As autoridades chilenas relataram em 2023 uma falha no maquinário da embarcação que teria sido reparada pelo armador.
Com o acesso ao porto bloqueado pelos destroços da ponte, o transporte marítimo está "suspenso até novo aviso", informaram as autoridades.
O presidente Joe Biden prometeu que a estrutura, inaugurada em 1977 e que leva o nome do autor da letra do hino nacional americano, seria reconstruída.
Para se antecipar às seguradoras e ganhar tempo, o presidente afirmou que quer que "o Estado federal pague a totalidade do custo da reconstrução".
A ponte de quatro pistas e 2,6 quilômetros de comprimento está localizada em um eixo norte-sul crucial para a economia da costa leste dos Estados Unidos.
O secretário dos Transportes, Pete Buttigieg, alertou para um "impacto significativo e prolongado nas redes de abastecimento".
I.Menon--DT