Beijo forçado em Jenni Hermoso foi a 'gota d'água', diz Vero Boquete
O beijo forçado do presidente da Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, em Jenni Hermoso foi a "gota d'água", avaliou, neste sábado (2), a ex-capitã da seleção espanhola, Verónica Boquete, em entrevista à AFP-TV.
"Foi a gota d'água porque para se chegar a este momento em um cenário tão importante quer dizer que quando não há câmeras, quando não há outras pessoas, quando não é a final de uma Copa do Mundo, muitas outras coisas acontecem que são normalizadas ou se deixam passar quando não deveria ser assim", disse a jogadora da Fiorentina, de 36 anos.
Capitã da seleção, Boquete foi afastada em 2017 por denunciar o quadro técnico e a incompetência, segundo ela, do treinador Jorge Vilda, que acaba de ganhar a Copa do Mundo com a Espanha, apesar das tensões entre ele e as jogadoras.
"Durante muito tempo na seleção, se você se lamentasse por algo e quisesse encontrar alguma mudança, quem estava à frente não te escutava e, muitas vezes, o que você conseguia era sofrer consequências, que era ser afastada da seleção. Então, isso provocava medo das consequências", acrescentou.
Denunciando o tratamento dado às mulheres no futebol profissional em um sentido mais amplo, a jogadora afirmou que "quase sempre as pessoas que estão dentro do futebol são homens e sempre com uma mentalidade bastante machista; então, é uma guerra constante".
"Precisamos que haja gente que trabalhe por e para nós querendo fazê-lo, não porque é uma obrigação", afirmou.
Na entrega das medalhas após a Espanha vencer a Copa do Mundo feminina, em 20 de agosto, no estádio de Sydney, Rubiales beijou Jenni Hermoso na boca, causando estupor e indignação em todo o planeta.
Desde então, ele foi suspenso durante 90 dias pela Fifa, que abriu um expediente punitivo contra ele, enquanto na Espanha, o Tribunal Administrativo do Esporte (TAD) também abriu um expediente disciplinar por "faltas graves".
A.Ansari--DT