Ucrânia reivindica ataque com drones a partir do território russo
A Ucrânia afirmou nesta sexta-feira (1º) que o ataque recente com drones contra um aeroporto do noroeste da Rússia foi executado a partir do território russo, em plena contraofensiva para tentar liberar as zonas ocupadas.
Os ataques com drones contra Moscou e outras cidades russas atribuídos à Ucrânia são praticamente diários há vários meses. As tropas russas, no entanto, continuam bombardeando as localidades ucranianas em larga escala.
Na madrugada de quarta-feira (30), o aeroporto de Pskov, uma cidade russa próxima da fronteira com Estônia, Letônia e Belarus, a 700 quilômetros da Ucrânia, foi alvo de um ataque com drones ucranianos.
"Os drones utilizados para atacar a base aérea 'Kresty' em Pskov foram lançados a partir da Rússia", afirmou o diretor de inteligência ucraniano, Kyrylo Budanov, em uma mensagem publicada no Telegram, que inclui um link para uma entrevista que concedeu ao 'The War Zone'.
Esta é a primeira vez que Kiev reconhece operar dentro do território russo, onde foram registrados vários bombardeios com drones e supostos atos de sabotagem, além de uma série de incursões armadas por parte de combatentes russos que atuam a favor da Ucrânia.
"Operamos no território da Rússia", insistiu Budanov na entrevista ao 'The War Zone'.
De acordo com a publicação, o comandante militar não revelou se o ataque contra Pskov foi executado por seus militares ou por combatentes russos leais a Kiev.
O Kremlin se recusou a comentar a reivindicação. O porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, considerou que esta é uma "prerrogativa de nossos militares".
- Aviões destruídos -
Budanov disse que quatro aviões de transporte militar russos IL-76 foram atingidos durante o ataque: dois foram destruídos e outros dois ficaram gravemente danificados. The War Zone publicou imagens de satélite das aeronaves incendiadas.
Na semana passada, um ataque similar atingiu a base aérea de Novgorod, uma região vizinha. Ao menos um avião militar foi atingido.
Na quinta-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, anunciou com satisfação que o país atingiu um alvo a 700 km de distância, sem mencionar um caso específico.
"O resultado de nossas armas, as novas armas ucranianas, é 700 quilômetros. O objetivo é chegar ainda mais longe", disse.
No fim de junho, Zelensky afirmou que "a guerra estava chegando ao território da Rússia".
A Ucrânia tenta levar os combates ao território russo, ao mesmo tempo que prossegue com a contraofensiva para liberar as zonas ocupadas do leste e do sul do país. Até o momento, os avanços da operação foram limitados.
O presidente ucraniano destacou nesta sexta-feira que "não pode haver uma paz duradoura na Ucrânia, e nem sequer na Europa" até que a Rússia abandone a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014, o Donbass e o restante dos territórios ocupados.
"A Crimeia, uma península que atraía turistas e empresas, é hoje um território ocupado e militarizado, incapaz de desenvolvimento", declarou Zelensky por videoconferência durante o fórum econômico 'The European House - Ambrosetti', em Cernobbio, norte da Itália.
- Volta às aulas sob ameaça -
Nesta sexta-feira, os estudantes retornaram às aulas tanto na Ucrânia como na Rússia.
Um primeiro dia de ano letivo que foi difícil em Kiev, onde a polícia relatou ameaças de bombas contra escolas da capital ucraniana, que passaram por uma inspeção. As autoridades, no entanto, não ordenaram uma evacuação dos colégios.
"Recebemos informações sobre a presença de bombas nas escolas de Kiev. "Todos os centros de ensino estão sendo verificados pela polícia de Kiev com a ajuda do Serviço de Emergências", afirmou a porta-voz da polícia, Yulia Girdvillis.
A Rússia também retornou às aulas, com uma grade curricular repleta de matérias teor patriótico. O presidente Vladimir Putin pretendia participar de uma aula.
Putin receberá na segunda-feira o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, na cidade russa de Sochi, às margens do Mar Negro.
A questão do transporte internacional de grãos, tanto ucranianos como russos, vitais para os países pobres, estará na agenda.
A Rússia abandonou em julho o acordo sobre cereais apoiado pela ONU e que a Turquia ajudou a negociar, acabando de fato a navegação segura para as embarcações civis que transitam pelo Mar Negro.
Apesar das dificuldades, mais dois navios zarparam de um porto ucraniano e navegam pelo Mar Negro, utilizando um corredor marítimo que Kiev estabeleceu para garantir a segurança da navegação.
E isto acontece depois de a Rússia alertar que atacaria qualquer navio que partisse da Ucrânia para atravessar o Mar Negro.
O.Mehta--DT