Chefe da ONU condena restrições impostas a mulheres no Afeganistão
O secretário-geral da ONU condenou nesta terça-feira(2), no Catar, as restrições "sem precedentes" impostas às mulheres afegãs, após discussões com representantes de várias potências mundiais sobre como abordar o tema com as autoridades talibãs.
Mais de 20 países e organizações participaram do encontro de dois dias em Doha, com o objetivo de buscar que as autoridades afegãs flexibilizem suas políticas sobre as mulheres. Os talibãs, porém, não foram convidados.
"Para alcançar nossos objetivos, não podemos nos retirar [do Afeganistão] e muitos pediram um compromisso mais efetivo" durante a reunião, declarou Guterres em coletiva de imprensa.
Desde que voltaram ao poder no Afeganistão, em agosto de 2021, os talibãs impuseram uma versão muito rigorosa da lei islâmica no Afeganistão.
Meninas e mulheres ficaram excluídas do ensino médio e universitário e as mulheres também não podem trabalhar em serviços públicos, ONGs ou agências da ONU.
Até a próxima sexta-feira, a ONU vai analisar suas operações no Afeganistão e a organização se declarou confrontada com a "horrível decisão" de continuar ou não sua intervenção no país.
Nesta terça, Guterres não deu nenhuma pista sobre se a organização permanecerá no país ou se retirará.
"A proibição às mulheres de trabalharem para a ONU e ONGs locais e internacionais é inaceitável", afirmou, denunciando "ataques sistemáticos sem precedentes aos direitos das mulheres e meninas".
Sobre a situação no país, mergulhado em uma das piores crises humanitárias do mundo, o secretário-geral da ONU considerou que é "difícil mensurar" sua "gravidade".
Seis milhões de pessoas se aproximam de "uma situação de quase fome", acrescentou, recordando que a ONU arrecadou 294 milhões de dólares (cerca de 1,48 bilhões de reais em valores atuais), dos 4,6 bilhões solicitados.
Por sua vez, as autoridades talibãs se queixaram por serem excluídas das discussões em Doha, das quais participaram enviados especiais dos Estados Unidos, China e Rússia, além dos principais doadores da União Europeia e do Paquistão, vizinho do Afeganistão.
"Qualquer reunião da qual não participem os representantes do EIA [Emirado Islâmico do Afeganistão] [...] é improdutiva e, inclusive, às vezes, contraproducente", afirmou Suhail Shaheen, chefe do gabinete político dos talibãs em Doha.
K.Al-Zaabi--DT