Ativistas dos direitos afro-americanos são condenados nos EUA por vínculos com a Rússia
Quatro ativistas dos direitos dos afro-americanos foram condenados nesta quinta-feira (12), sob acusações federais de conspiração para atuarem como agentes russos não registrados, informou o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Omali Yeshitela, de 82 anos; Penny Hess, de 78; Jesse Nevel, de 34; e Augustus Romain Jr., de 38, enfrentam penas máximas de cinco anos de prisão, segundo o Departamento. A data da sentença ainda não foi definida.
Um júri em Tampa (Flórida) declarou os réus inocentes da acusação mais grave, que era de atuarem como agentes de um governo estrangeiro.
Yeshitela é fundador do Partido Socialista do Povo Africano (APSP, sigla em inglês) e do Movimento Uhuru. Hess e Nevel são aliados brancos desses grupos. Romain é o líder de uma filial com sede na Geórgia conhecida como Black Hammer.
De acordo com a Promotoria, entre 2015 e 2022, os quatro realizaram ações nos Estados Unidos em nome do governo russo, recebendo dinheiro e apoio de Aleksandr Ionov, presidente do grupo Movimento Antiglobalização da Rússia, sediado em Moscou. A acusação afirma que Ionov usou o APSP, o Movimento Uhuru e o Black Hammer para promover pontos de vista russos sobre política, a guerra na Ucrânia e outras questões.
"Os esforços de influência de Ionov foram dirigidos e supervisionados" pelo Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), a agência de inteligência do país, afirmou o Departamento de Justiça.
Ionov e dois supostos agentes do FSB — Aleksey Borisovich Sukhodolov e Yegor Sergeyevich Popov — também foram acusados nos Estados Unidos em relação ao caso, mas não foram detidos. Segundo o Departamento de Justiça, os americanos acusados sabiam que Ionov trabalhava para o governo russo.
Entre as ações citadas pelos promotores está a redação, em 2015, pelo APSP, de uma denúncia às Nações Unidas acusando os Estados Unidos de cometer genocídio contra a população africana. Ionov também tentou influenciar as eleições para a prefeitura de St. Petersburg (Flórida) em 2017, nas quais Nevel se candidatou sem sucesso, de acordo com a acusação.
Leonard Goodman, advogado de Hess, disse ao Tampa Bay Times que os quatro foram processados para censurar suas opiniões pró-Rússia. "Este caso sempre foi sobre liberdade de expressão", afirmou o advogado.
A.Ragab--DT