Senador democrata de alto perfil é indiciado por corrupção nos EUA
A promotoria federal dos Estados Unidos indiciou, nesta sexta-feira (22), o poderoso senador democrata Robert Menéndez por suborno e extorsão, e declarou que foram encontradas barras de ouro e centenas de milhares de dólares em dinheiro em sua casa.
Em uma das acusações, o Departamento de Justiça informou que Menéndez repassou informação sensível ao Egito para ajudar um empresário egípcio-americano a proteger seu monopólio.
Trata-se da segunda acusação de corrupção em oito anos contra este político veterano de Nova Jersey, de 69 anos, e pode afetar sua posição, assim como a da estreita maioria do Partido Democrata no Senado.
Menéndez decidiu se afastar "temporariamente" da presidência da Comissão de Relações Exteriores, cargo no qual se tornou muito influente na diplomacia americana.
"O senador e sua esposa receberam centenas de milhares de dólares em subornos em troca de que o senador Menéndez usasse seu poder e influência para proteger e enriquecer estes empresários e beneficiar o governo do Egito", disse Damian Williams, promotor federal do distrito de Manhattan, em Nova York.
Em nota, Menéndez, de origem cubana, disse que as acusações são "infundadas" e criticou um ataque pessoal contra ele e sua esposa, Nadine, que também foi indiciada na mesma ação.
"Deturparam o trabalho normal de um gabinete do Congresso", disse Menéndez.
"Quem está por trás desta campanha simplesmente não pode aceitar que um latino-americano de primeira geração e origem humilde possa chegar a ser senador dos Estados Unidos e servir com honra e distinção", acrescentou.
Os promotores disseram ter encontrado mais de meio milhão de dólares (cerca de R$ 2,5 bilhões) em dinheiro vivo na casa de Menéndez, em Nova Jersey, e em um cofre de sua esposa. O dinheiro teria sido pago por três empresários em troca de ajuda.
Grande parte do dinheiro estava em envelopes e caixas escondidas por toda a casa, assim como em casacos com o nome do senador.
Também foram encontradas barras de ouro com valor aproximado a 150 mil dólares (R$ 736 mil) e um luxuoso Mercedes Benz conversível, presenteado por um dos empresários.
Segundo a acusação, Menéndez aceitou o dinheiro para ajudar a proteger os empresários de investigações do Departamento de Justiça e auxiliar um terceiro, um egípcio-americano, com um monopólio empresarial que ele havia concedido ao governo egípcio.
"Menéndez repassou informação sensível do governo dos Estados Unidos e adotou outras medidas que ajudaram secretamente o governo do Egito", afirma a acusação.
O senador, sua esposa e os três empresários - Wael Hana, José Uribe e Fred Daibes - responderão a duas acusações de suborno e fraude. Menéndez e a esposa também foram acusados de extorsão. Se forem considerados culpados, as duas acusações mais graves podem resultar em até 20 anos de prisão.
- Segunda acusação de corrupção -
Senador desde 2006 e antes membro da Câmara dos Representantes durante 14 anos, Menéndez tem sido um democrata incondicional no Congresso ao longo de três décadas.
Como presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, opôs-se ferrenhamente à normalização das relações com Cuba.
Também tem sido um inimigo implacável da Venezuela e da China, e um defensor de Israel.
Em 2015, foi acusado de aceitar subornos de voos em jatos privados, férias de luxo e mais de 750 mil dólares (aproximadamente R$ 3 bilhões) em doações ilegais de campanha.
Mas as acusações foram arquivadas três anos depois porque o júri não conseguiu chegar a um veredicto unânime.
- Preparado para a reeleição -
Menéndez disputará a reeleição no Senado no ano que vem, mas não está claro como sua situação pode afetar os eleitores de Nova Jersey.
"Aos meus apoiadores, amigos e à comunidade em geral, peço-lhes que lembrem as outras vezes que os promotores se equivocaram e que reservem seu parecer", disse Menéndez em nota emitida nesta sexta-feira.
Os democratas disputarão as eleições de 2024 com uma maioria apertada de 51-49 no Senado.
T.Prasad--DT