Inundações na Líbia deixam milhares de mortos e 30.000 deslocados
A Líbia permanece em estado de choque nesta quarta-feira (13) após as inundações devastadoras provocadas pela tempestade Daniel, que deixaram milhares de mortos, desaparecidos e deslocados na cidade costeira de Derna.
Ao menos 30.000 pessoas que moravam nesta cidade de 100.000 habitantes estão deslocadas, afirmou a Organização Internacional para as Migrações (OIM), enquanto persiste a incerteza sobre o número exato de vítimas da tragédia.
As imagens divulgadas nas redes sociais pelo canal de televisão estatal Al-Wataniya al-Libiya mostram um cenário apocalíptico em Derna, com ruas destruídas, árvores caídas, edifícios arrasados e carros tombados, alguns ainda enterrados na lama.
As estradas bloqueadas, os deslizamentos de terra e as inundações impediram que os serviços de emergência atendessem rapidamente a população, que precisou atuar para recuperar os corpos.
A OIM registra mais de 30.000 pessoas deslocadas em Derna, assim como 3.000 em Al-Bayda e mais de 2.000 em Benghazi, duas cidades ao oeste do epicentro da catástrofe.
Derna agora pode ser acessada apenas por duas entradas ao sul (normalmente são sete). Os cortes generalizados de energia elétrica e as interrupções nas redes de telecomunicações limitam os contatos, segundo a OIM.
A Líbia está dividida entre dois governos rivais: a administração com sede em Trípoli, reconhecida internacionalmente; e uma administração separada no leste, a região afetada pelo desastre. As autoridades dos dois lados citam "milhares" de mortos.
Usama Ali, porta-voz do Serviço de Resgate e Emergência do governo reconhecido internacionalmente de Trípoli, disse à AFP na terça-feira que as inundações deixaram "mais de 2.300 mortos", quase 7.000 feridos e mais de 5.000 pessoas desaparecidas em Derna.
Uma fonte da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC) citou um "enorme" número de mortos e 10.000 desaparecidos.
- "Grande explosão" -
As inundações são o pior desastre natural na região de Cirenaica, província leste da Líbia, desde o grande terremoto de 1963 na cidade de Al-Marj.
Na madrugada de segunda-feira, duas barragens foram rompidas em Wadi Derna. As unidades retinham as águas de um "wadi", rio que, normalmente, tem água apenas no período das chuvas e que atravessa a cidade.
Várias testemunhas afirmaram que ouviram uma "grande explosão" antes que enormes torrentes atingissem a cidade.
A tromba d'água transbordou das margens e arrastou pontes e bairros inteiros com seus moradores em direção ao Mediterrâneo. Na terça-feira, os corpos começaram a aparecer no mar, cuja água ficou marrom como o barro.
A Comissão Europeia anunciou o envio de ajuda de Alemanha, Romênia e Finlândia para Derna, como parte do mecanismo de proteção civil da União Europeia.
O bloco também anunciou a liberação de 500.000 euros (540.000 dólares, ou R$ 2,65 milhões na cotação atual) para suprir as necessidades mais urgentes dos líbios.
A Jordânia enviou um avião com ajuda humanitária. A Itália anunciou a mobilização de um navio e de dois aviões com especialistas e equipes logísticas. Turquia, Emirados Árabes Unidos e Argélia também anunciaram o envio de ajuda.
I.Menon--DT