Dubai Telegraph - Tribunais e floresta, as duas frentes de batalha contra a mineração na Amazônia equatoriana

EUR -
AED 4.101345
AFN 77.032505
ALL 99.346177
AMD 432.43567
ANG 2.013049
AOA 1036.77807
ARS 1075.022084
AUD 1.638665
AWG 2.009927
AZN 1.903727
BAM 1.957678
BBD 2.255263
BDT 133.478024
BGN 1.96194
BHD 0.420821
BIF 3237.947656
BMD 1.116626
BND 1.443284
BOB 7.718265
BRL 6.064287
BSD 1.116971
BTN 93.354568
BWP 14.765294
BYN 3.655406
BYR 21885.869656
BZD 2.251419
CAD 1.514765
CDF 3205.83349
CHF 0.948568
CLF 0.037681
CLP 1039.724056
CNY 7.877914
CNH 7.876551
COP 4648.301891
CRC 579.545486
CUC 1.116626
CUP 29.590589
CVE 110.369377
CZK 25.076404
DJF 198.897208
DKK 7.459169
DOP 67.044305
DZD 147.724424
EGP 54.187291
ERN 16.74939
ETB 129.612896
FJD 2.456911
FKP 0.850377
GBP 0.839089
GEL 3.048765
GGP 0.850377
GHS 17.559528
GIP 0.850377
GMD 76.478493
GNF 9650.126208
GTQ 8.634359
GYD 233.659928
HKD 8.702442
HNL 27.707575
HRK 7.591952
HTG 147.378717
HUF 393.677561
IDR 16934.414972
ILS 4.208201
IMP 0.850377
INR 93.284779
IQD 1463.20342
IRR 47001.617801
ISK 152.296414
JEP 0.850377
JMD 175.488318
JOD 0.791351
JPY 161.091169
KES 144.067258
KGS 94.062898
KHR 4536.351005
KMF 492.822874
KPW 1004.96277
KRW 1492.18639
KWD 0.340616
KYD 0.930801
KZT 535.514042
LAK 24664.21472
LBP 100022.944684
LKR 340.786863
LRD 223.390262
LSL 19.608883
LTL 3.297107
LVL 0.675436
LYD 5.304278
MAD 10.830976
MDL 19.490869
MGA 5051.754868
MKD 61.661441
MMK 3626.7577
MNT 3794.295108
MOP 8.965839
MRU 44.388973
MUR 51.230572
MVR 17.151745
MWK 1936.622809
MXN 21.621786
MYR 4.695396
MZN 71.296513
NAD 19.608708
NGN 1830.652829
NIO 41.108877
NOK 11.731586
NPR 149.370267
NZD 1.791604
OMR 0.429846
PAB 1.116951
PEN 4.186559
PGK 4.37235
PHP 62.154728
PKR 310.35047
PLN 4.275394
PYG 8714.358307
QAR 4.072206
RON 4.974455
RSD 117.081921
RUB 103.595912
RWF 1505.75772
SAR 4.190263
SBD 9.275742
SCR 15.20849
SDG 671.658527
SEK 11.379804
SGD 1.442608
SHP 0.850377
SLE 25.511892
SLL 23415.083225
SOS 638.317954
SRD 33.334619
STD 23111.9038
SVC 9.773243
SYP 2805.55626
SZL 19.61599
THB 36.878746
TJS 11.873175
TMT 3.908191
TND 3.384446
TOP 2.615244
TRY 38.089784
TTD 7.597151
TWD 35.731768
TZS 3046.939603
UAH 46.168836
UGX 4138.117278
USD 1.116626
UYU 46.153648
UZS 14213.632892
VEF 4045036.356711
VES 41.049924
VND 27474.582801
VUV 132.568082
WST 3.12372
XAF 656.574989
XAG 0.035614
XAU 0.000427
XCD 3.017737
XDR 0.827794
XOF 656.577931
XPF 119.331742
YER 279.519396
ZAR 19.564743
ZMK 10050.970555
ZMW 29.570833
ZWL 359.553117
Tribunais e floresta, as duas frentes de batalha contra a mineração na Amazônia equatoriana
Tribunais e floresta, as duas frentes de batalha contra a mineração na Amazônia equatoriana / foto: Armando PRADO - AFP

Tribunais e floresta, as duas frentes de batalha contra a mineração na Amazônia equatoriana

Sentadas ao lado de uma fogueira, mulheres kichwas relembram o dia que enfrentaram, há três anos, garimpeiros de ouro ao longo do rio Jatunyacu, na Amazônia do Equador. Desde então, além da floresta, travam também uma batalha nos tribunais contra o efeito devastador da exploração.

Tamanho do texto:

"Fizemos nossas próprias lanças com paus e viemos correndo para ver o que estava acontecendo", relata uma das integrantes da guarda indígena Yuturi Warmi durante o ritual chamado "wayusa upina", celebrado durante a madrugada na comunidade de Serena, na província de Napo (norte).

Acompanhada de outras mulheres, reunidas para interpretar sonhos como parte da cerimônia, conta que há 18 meses os garimpeiros ilegais chegaram oferecendo dinheiro ao então líder da comunidade em troca de permissão para explorar suas terras.

"Só mortos vamos deixar as empresas de mineração entrarem" ou os ilegais, afirmou a mulher a jornalistas, pedindo para preservar sua identidade por segurança.

Apesar de Serena ter resistido à mineração, rio abaixo a história é outra. A Defensoria do Povo de Napo já identificou mais de 30 frentes de exploração nas margens do Jatunyacu, local também de turismo de aventura por suas correntes rápidas e paisagens.

Ao longo de 21 km do rio, vários clarões interrompem a densa vegetação, enquanto as escavadeiras continuam sua devastação.

À espera da decisão da Corte Constitucional sobre uma ação extraordinária com a qual os indígenas pretendem conter a mineração na província, reverter as concessões e diminuir o desmatamento, a exploração de ouro continua espantando os turistas.

O ruído do maquinário e da destruição são um pesadelo para os habitantes de Shandia, uma pequena comunidade que vive do turismo.

"Ninguém mais quer pagar dois ou três dólares para ver um cemitério de mineração ilegal", explica Andrés Rojas, delegado provincial da Defensoria do Povo.

"O som é horrível, a terra treme, à noite é pior (...) Tememos quando os turistas vêm porque ao ouvirem isso não vão querer voltar", comenta à AFP Graciela Grefa, artesã de 64 anos.

- Batalha legal -

A devastação se agravou em 2020. "A mineração em Napo ocorre há 25 ou 30 anos, mas saber que uma só empresa tinha 7.125 hectares assustou a comunidade", disse Rojas.

As terras em torno do Jatunyacu, em sua maioria, foram concedidas à empresa de capital chinês Terraearth, alvo de uma ação judicial que chegou à Corte Constitucional. A Defensoria e organizações sociais acusam a companhia de contaminar três rios e de se esquivar da consulta prévia às comunidades indígenas.

Os habitantes de Napo enfrentam ainda máfias de mineração ilegal, às quais denunciam serem aliadas da empresa e subornarem as comunidades para explorarem suas terras.

Terraearth se apresenta em suas redes sociais como uma empresa "responsável com o meio ambiente" e que "contribui com o reflorestamento das áreas devastadas pelos ilegais".

Yutzupino foi foco da exploração irregular em Napo. Até dezembro de 2022, havia 125 hectares ocupados para extração de ouro, o que equivale a 88 campos de futebol, segundo a Fundação Ecociência que realiza um monitoramento por satélite da Amazônia.

A área continuou crescente até que, em fevereiro de 2023, uma operação policial apreendeu 148 escavadeiras em uma área de 180 hectares.

Sebastián Araujo, acadêmico de Geociências da Universidade Regional Ikiam, explica que os níveis de cobre, chumbo e cromo, "altamente contaminantes", "estão em um limite muito superior aos permitidos" em Yutzupino devido à mineração ilegal.

- "Cemitério" mineral -

Em uma região de pouca presença estatal e muita pobreza, os moradores locais pagam um dólar para acessar as zonas de exploração e raspar um pouco de ouro, que lavam em suas panelas, uma atividade sem impacto ambiental que realizam há décadas.

"Eles entravam nessas crateras abertas pelas escavadeiras para garimpar as migalhas deixadas pela perfuração", explica Rojas.

Alba Aguinaga, socióloga da Ikiam, indicam que após a incursão de garimpeiros ilegais, os artesanais ficaram com o estigma de supostamente apoiar essas mafias.

"Se não têm trabalho, se têm condições financeiras difíceis, não sobram muitas opções do que sucumbir a uma baixa remuneração em troca de mão de obra ilegal", afirma.

Além disso, "não há uma política pública que responda à sobrevivência" das comunidades e dos garimpeiros artesanais, acrescenta Aguinaga.

"A capacidade de reação operacional do Estado é insuficiente frente à organização dos garimpeiros ilegais", lamenta Rojas.

A.Ragab--DT