Dubai Telegraph - Dor e esperança antecedem julgamento em Londres sobre tragédia de Mariana

EUR -
AED 3.834139
AFN 71.572988
ALL 97.861015
AMD 407.407802
ANG 1.890032
AOA 953.572004
ARS 1048.014506
AUD 1.606059
AWG 1.881583
AZN 1.767523
BAM 1.949598
BBD 2.117364
BDT 125.321311
BGN 1.94742
BHD 0.393349
BIF 3097.804198
BMD 1.043874
BND 1.409244
BOB 7.246017
BRL 6.069215
BSD 1.048664
BTN 88.603321
BWP 14.316796
BYN 3.431982
BYR 20459.932097
BZD 2.113875
CAD 1.459827
CDF 2995.918625
CHF 0.925984
CLF 0.036838
CLP 1016.461806
CNY 7.56652
CNH 7.577487
COP 4581.824335
CRC 533.104017
CUC 1.043874
CUP 27.662663
CVE 109.916372
CZK 25.397718
DJF 186.745899
DKK 7.458762
DOP 63.188975
DZD 139.449742
EGP 51.913738
ERN 15.658111
ETB 130.685822
FJD 2.372518
FKP 0.823948
GBP 0.832145
GEL 2.844532
GGP 0.823948
GHS 16.674114
GIP 0.823948
GMD 74.114395
GNF 9039.329457
GTQ 8.095324
GYD 219.404104
HKD 8.125208
HNL 26.501072
HRK 7.446224
HTG 137.684617
HUF 411.097473
IDR 16603.234897
ILS 3.880534
IMP 0.823948
INR 88.181211
IQD 1373.849067
IRR 43952.318305
ISK 146.100465
JEP 0.823948
JMD 166.547337
JOD 0.740209
JPY 161.296814
KES 135.233639
KGS 90.29718
KHR 4229.625181
KMF 490.255503
KPW 939.486282
KRW 1465.781897
KWD 0.321211
KYD 0.873932
KZT 520.062978
LAK 22970.921797
LBP 93913.728945
LKR 305.119313
LRD 189.292331
LSL 18.975714
LTL 3.082289
LVL 0.631429
LYD 5.122703
MAD 10.488134
MDL 19.096248
MGA 4910.49567
MKD 61.339847
MMK 3390.462314
MNT 3547.08409
MOP 8.407474
MRU 41.706716
MUR 48.905479
MVR 16.127605
MWK 1818.458425
MXN 21.34712
MYR 4.663509
MZN 66.702495
NAD 18.975804
NGN 1765.27462
NIO 38.382986
NOK 11.601753
NPR 141.765035
NZD 1.786674
OMR 0.401877
PAB 1.048664
PEN 3.983427
PGK 4.22161
PHP 61.500891
PKR 291.489954
PLN 4.342798
PYG 8230.815018
QAR 3.823373
RON 4.976881
RSD 117.020934
RUB 108.145859
RWF 1440.950364
SAR 3.918961
SBD 8.736725
SCR 14.217433
SDG 627.892146
SEK 11.586344
SGD 1.405764
SHP 0.823948
SLE 23.575936
SLL 21889.522603
SOS 599.319201
SRD 36.958331
STD 21606.086019
SVC 9.17594
SYP 2622.764811
SZL 18.98406
THB 36.124827
TJS 11.168729
TMT 3.663998
TND 3.317677
TOP 2.444853
TRY 36.077745
TTD 7.118456
TWD 34.011518
TZS 2772.382363
UAH 43.296397
UGX 3874.710366
USD 1.043874
UYU 44.688687
UZS 13419.001279
VES 48.29914
VND 26540.498651
VUV 123.930829
WST 2.914069
XAF 653.892409
XAG 0.033343
XAU 0.000387
XCD 2.821122
XDR 0.799974
XOF 653.876799
XPF 119.331742
YER 260.868195
ZAR 18.86615
ZMK 9396.117559
ZMW 28.918002
ZWL 336.12703
Dor e esperança antecedem julgamento em Londres sobre tragédia de Mariana
Dor e esperança antecedem julgamento em Londres sobre tragédia de Mariana / foto: DOUGLAS MAGNO - AFP

Dor e esperança antecedem julgamento em Londres sobre tragédia de Mariana

A pequena Emanuele Vitória, de cinco anos, estava com o pai e o irmão em casa quando uma enxurrada incontrolável de lama soterrou Bento Rodrigues, distrito de Mariana, em Minas Gerais.

Tamanho do texto:

Seu corpo foi encontrado cinco dias depois a quilômetros dali.

"Parecia que nosso mundo estava acabando", conta à AFP sua mãe, Pamela Fernandes, ao lembrar os dias do pior desastre ambiental da história do Brasil.

A tragédia aconteceu em 5 de novembro de 2015, com o rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro da companhia Samarco, de copropriedade da brasileira Vale e da australiana BHP.

Na próxima segunda-feira, um mega-julgamento em Londres levará a BHP para o banco dos réus, em um processo que se anuncia longo.

Com o rompimento da barragem, vazaram 40 milhões de metros cúbicos de lama tóxica, um volume que daria para encher 12.000 piscinas olímpicas.

A enxurrada de cor ocre se avançou por uma dezena de povoados próximos à cidade histórica de Mariana. Mas atingiu sobretudo Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo.

Emanuele Vitória foi uma das 19 vítimas fatais da catástrofe.

Nove anos depois, seu rosto sorridente estampa a camiseta vestida por sua mãe, junto com a frase: "Não foi fatalidade, não foi destino. Foi crime".

O processo em Londres "é minha única esperança" de conseguir justiça "porque aqui no Brasil eu já perdi", suspira Pamela, de 30 anos, na casa onde mora hoje, em Cachoeira do Brumado, a 45 km de Bento Rodrigues.

"Uma coisa assim não pode ficar impune", acrescenta.

- Perder as raízes -

A enxurrada de rejeitos de minério altamente contaminantes arrastou pelo caminho as casas de mais de 600 pessoas.

Mauro Marcos da Silva perdeu a dele e a dos pais, onde sua família viveu por várias gerações.

"Literalmente nasci aqui", relata este mecânico robusto, de 55 anos, enquanto aponta para uma das paredes da antiga casa da família que ficaram de pé.

Hoje, em Bento Rodrigues há apenas ruínas tomadas pela vegetação e é proibido voltar a se estabelecer ou construir no povoado. Para Marcos, não poder voltar "é como se eles tivessem nos apunhalado e deixado o punhal cravado".

"Aqui estão minhas raízes, meus antepassados", diz. "O pertencimento, o vínculo com os amigos, com a família, isso o dinheiro não paga e não vai ser reconstruído em lugar algum".

A família de Mônica dos Santos também perdeu sua casa. Ela agora trabalha como assessora técnica de uma organização de defesa das vítimas.

Esta advogada de 39 anos não tem dúvidas de que na mineradora "sabiam que a barragem estava com problemas, sabiam o que precisava ser feito e simplesmente não fizeram".

Segundo ela, o acordo proposto no Brasil aos afetados "vai dar errado" porque "não teve nenhum atingido que sentou na mesa" para discuti-lo.

Por isso, ela tem muitas expectativas sobre o processo que começa na segunda-feira. "A gente espera muito, muito, muito que a justiça inglesa, que a corte inglesa faça o que a justiça brasileira não fez até o momento".

- Nove anos depois -

Na catástrofe de Mariana, o lamaçal invadiu o curso do rio Doce e avançou por 670 km até o Atlântico, acabando completamente com o ecossistema fluvial.

As atividades econômicas vinculadas ao rio também morreram e pelo menos 6.000 famílias de pescadores ficaram sem sustento.

Uma equipe de cientistas constatou recentemente contaminação por metais procedentes do vazamento na foz do rio Doce e no litoral do Espírito Santo e no sul da Bahia.

Entre os animais afetados há peixes, aves, tartarugas, botos e até mesmo baleias, segundo um informe divulgado em setembro pelo governo.

Em Londres, a ação reivindica da BHP 35 bilhões de libras (US$ 45,7 bilhões, aproximadamente R$ 260 bilhões).

São 620.000 demandantes, entre eles comunidades indígenas, municípios, empresas e instituições religiosas.

A BHP assegura que mais de 200.000 já receberam indenizações e que a fundação Renova, que gerencia os programas de compensação e ajuda no Brasil, já pagou mais de 7,8 bilhões de dólares (cerca de R$ 44 bilhões).

Quase uma década depois, em um reassentamento para os afetados denominado Novo Bento Rodrigues, construído mais perto de Mariana, veem-se casas parcialmente inacabadas e ruas com caminhões de obra no lugar de carros de passeio.

D.Farook--DT